A cachaça do Seu Mário
Pinga, aguardente, canjebrina, caninha, branquinha, manguaça, água-que-passarinho-não-bebe. O brasileiro é criativo ao nomear uma de suas bebidas preferidas: a cachaça. Apostando neste consumidor, vários produtores rurais de Treze de Maio produzem a cachaça, um deles é o agricultor Mário Bressan, que iniciou, nos idos de 1992, a produção de cachaça artesanal em sua propriedade, na comunidade de São Roque.
Produtor rural por vocação, "Seu Mário", como é carinhosamente conhecido, decidiu investir na diversificação de atividades e melhoria de renda, já que antes do engenho, trabalhava exclusivamente na lavoura, principalmente na cultura de fumo. Além da cachaça, Seu Mário também produz o melado e o famoso Bugio, bebida a base de melado, especiarias e aguardente, com sabor e textura única.
A família comercializa seus produtos "da porteira pra dentro", para consumidores do município e região, sendo que muitos deles vem para almoçar no restaurante colonial DU NONO, propriedade vizinha. "Gosto de receber os turistas que vem até aqui para comprar meus produtos e aproveito para contar vários casos antigos", confessou o falante senhor que envolve o ouvinte com suas histórias de vida.
Para poder dar conta da produção, a família cultiva na sua propriedade quatro hectares de cana-de-açúcar, destinada exclusivamente à alimentação do engenho, que teve toda uma estrutura montada para trabalhar com uma roda d'água construída por ele e seu filho Vitorino Bressan. Ao falar da roda d'água, Seu Mário relembra que havia muitas delas espalhadas no município, chegando a contabilizar umas 40. "Mas hoje em dia não deve ter mais que 03 de pé, sabendo disso, tento ao máximo preservar a do engenho, que ainda está em ótimas condições", comentou.
Ao ser perguntado sobre a desistência dos jovens pela agricultura o semblante de seu Mário muda. "É uma pena que os jovens estejam abandonando o campo e a vida rural para trabalhar nas facções que são abundantes no município, mas eu continuo acreditando que dá sim para sobreviver da agricultura, este contato do homem com a natureza é quase que sagrado", finalizou.