Tecnologia criada no Amazonas aproveita lixo para prudução de gás

Muitas tecnologias poderiam ser trazidas para nossa região rural do sul de Santa Catarina, onde o lixo orgânico normalmente é rejeitado, como é este caso, onde comunidades rurais reaproveitam lixo para produzir biogás no AM.

 Comunidades rurais de Manaus e Maués vão experimentar um projeto que visa a produção de energia limpa, substituindo o GLP (gás de cozinha) pelo Biodigestor Sustentável, que utiliza cascas de frutos amazônicos e detritos de animais, para a produção de biogás, a partir de janeiro.

O projeto, que vem sendo realizado por estudantes de Engenharia Química da UFAM (Universidade Federal do Amazonas) desde o início do ano, foi testado inicialmente em comunidades de Manacapuru e Novo Airão, e agora começa a alcançar outras comunidades por meio de parcerias firmadas com o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e o BNDES.

O professor Johnson Pontes, orientador da pesquisa, explicou que a proposta é levar, inicialmente, 10 equipamentos para a comunidade do Brasileirinho, na Zona Rural de Manaus, a 15 para comunidades ribeirinhas de Maués.

Ao todo, 25 famílias vão ser beneficiadas com o projeto-piloto e segundo o professor, o objetivo é estimular as comunidades a reaproveitarem as matérias que geralmente são desperdiçadas, transformando-as em fonte de energia limpa e renovável, além de evitar a emissão de gases poluentes na superfície.

Biogás

O biodigestor sustentável é um equipamento feito de tonéis de alumínio, onde são depositados cascas e caroços de frutas amazônicas de alto potencial energético como o cupuaçu, o tucumã, o açaí e a castanha. Misturados com detritos de animais, a biomassa se decompõe e produz o biometano, uma substância também de alto poder combustível.

“A produção desse biogás é suficiente para substituir o gás de cozinha, que é muito poluente. Além de ser um equipamento que produz energia limpa, com o biodigestor, as comunidades vão poder reaproveitar a biomassa, que na maioria das vezes é jogada no lixo. Assim, estamos dando uma alternativa de economia e colaborando com o meio ambiente”, ressaltou o professor.

Outra contribuição do processo de produção de biogás, é que a mistura e decomposição das biomassas produzem também uma espécie de biofertilizante, que pode ser utilizado na agricultura, substituindo os fertilizantes comuns.

Financiamentos ampliam pesquisas

O professor Johnson Pontes afirma que o desenvolvimento do projeto em outras comunidades só foi possível com o financiamento do CNPQ. O experimento com as comunidades do Brasileirinho, em Manaus, e no interior de Maués, vão iniciar em janeiro. Mas a pesquisa poderá ficar ainda mais abrangente com o aporte financeiro que o grupo de estudos deve receber também do BNDS.

Este mês, o projeto foi enviado ao banco e a partir de janeiro, o equipamento deverá ser instalados em outras comunidades do Amazonas. “É um grande passo que estamos dando, principalmente no interior, onde boa parte da matéria orgânica vira lixo. Diante de uma crise que estamos enfrentando, essa é a alternativa de obter economia e utilizar os recursos naturais como produtores de energia”, explicou o professor. “O único trabalho que ribeirinho vai ter é o de buscar a matéria orgânica. Como a biomassa não gerar o biogás, ele não vai ter que se preocupar em comprar a botija de gás”, ressaltou.

Custo

O biodigestor sustentável da UFAM é feito de tambores, mangueiras de borracha, barras de ferro, canos PVC e registros, tudo a um custo de aproximadamente R$ 600,00. O tempo de vida útil de cada equipamento pode chegar a mais 20 anos, conforme os pesquisadores do projeto.

Em números

25 famílias de comunidades rurais vão ser atendidas pelo projeto dos universitários, a partir de janeiro. Com o financiamento do BNDS, outras comunidades do interior também devem ser selecionadas para participarem do programa.

Fonte: A Crítica / Adaptado por CeluloseOnline